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A LENDA

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A Lenda do Crucifixo

A povoação chamava-se Amioso do Meio e depois, Amioso do Espírito Santo, em honra de quem a capela teria sido erguida. Diz a lenda que, em lugar próximo, no Alqueve, teria aparecido um crucifico com a sua pequena imagem, que fora trazido pelas crianças da aldeia, para um palheiro. Misteriosamente, o crucifico desapareceu, voltando ao lugar da sua aparição, e tanto se repetiu, que construíram uma capela, colocando-o ali, dentro de uma redoma de vidro, onde ainda hoje se encontra. Mais tarde, ao ser levado a um restaurador, verificou-se que nas pernas de Jseus havia algo parecido com sangue.

 

A povoação do Amioso do Meio passou então a chamar-se Amioso dos Senhor e a capela a ter, como seu novo protetor, o Divino Senhor dos Milagres. E há quem conte alguns milagres, pessoas que teriam melhorado a sua saúde, por terem recorrido à sua proteção.

A Lenda - Versão Completa

Amioso do Meio era uma pequena povoação aninhada entre colinas verdejantes e campos dourados, aldeia serrana onde o tempo parecia deslizar suavemente como as águas serenas da sua ribeira. O nome, outrora simples, ganhou uma história misteriosa que se entrelaça com o sagrado e o misterioso.

No coração da aldeia, erguia-se uma capela recheada de imagens e talha dourada, algo despropositado para tão humilde gente; dedicada ao Espírito Santo, uma homenagem à divindade que, segundo a lenda, protagonizara um episódio extraordinário nas proximidades, no lugar chamado Alqueve. Diziam que ali, em tempos idos, um crucifixo havia sido encontrado por uns catraios nuns campos de milho, perante os olhos incrédulos dos moradores locais.

Inexplicavelmente, e repetidas vezes, esse crucifixo desaparecia misteriosamente do local onde fora guardado, para retornar ao mesmo ponto da sua aparição inicial. Tão intrigados quanto maravilhados, os habitantes da região decidiram construir uma capela para abrigar a sagrada relíquia, resguardando-a dentro de uma redoma de vidro.

 

A devoção à imagem crescia, alimentada pela reverência àquele que agora era chamado de Divino Senhor dos Milagres. O nome da povoação transformou-se, refletindo a nova identidade espiritual. Amioso do Senhor, como passou a ser conhecida, tornou-se um local onde a fé florescia e os milagres pareciam tão reais quanto a terra sob seus pés.

Numa manhã ensolarada, Maria, uma moradora do Amioso dos Senhor, encontrava-se diante da capela. O seu rosto carregava a marca do sofrimento, e seu coração estava pesado pelas agruras da vida. Havia ouvido falar dos milagres atribuídos ao Divino Senhor dos Milagres e num último ato de esperança, decidiu procurar auxílio divino para a saúde debilitada do seu filho.

Com passos hesitantes, Maria adentrou a capela. A luz do sol filtrava-se pelos vitrais coloridas, pintando o chão de luz. A imagem do crucifixo repousava serenamente dentro da redoma de vidro, os olhos de Jesus na cruz, pareciam observar o mundo com compaixão. Maria ajoelhou-se e as suas preces misturam-se com o incenso, até o teto da capela.

Naquela noite, enquanto o silêncio envolvia a aldeia, algo extraordinário aconteceu. O filho de Maria, que sofria de uma doença incurável, despertou de um sono profundo e, para espanto de todos, a sua saúde parecia melhorar de dia para dia. A notícia espalhou-se, alimentando a chama da fé por aqueles lugares.

Outras histórias de curas milagrosas começaram a surgir, como raios de esperança perfurando as nuvens escuras do desespero. As pessoas vinham de longe para testemunhar o poder do Divino Senhor dos Milagres, depositando suas esperanças e anseios diante da imagem sagrada na capela.

Por esses eventos extraordinários, a lenda do Amioso dos Senhor espalhou-se além das fronteiras da região. Os peregrinos, atraídos pela aura de divindade que envolvia a pequena povoação. O Divino Senhor dos Milagres, tornou-se o protetor da aldeia. As histórias de curas ecoavam pelos vales, testemunhando a fé que unia aquele povo. O antigo crucifixo, outrora encontrado no Alqueve, era agora o farol de esperança para todos que o procuravam.

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